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Os tipos de câncer de mama: câncer de mama triplo negativo

Até a década de 90, para determinar o tratamento do câncer de mama e também obter uma expectativa da sobrevida de uma paciente com câncer de mama, levavam-se em consideração o tamanho do tumor e o número de linfonodos com metástase encontrados na axila.

Com a evolução do conhecimento médico, hoje temos algumas ferramentas que individualizam o tratamento e determinam melhor o prognóstico das mulheres. Entre as ferramentas, utilizamos o estudo imuno istoquimico do tumor.

Neste exame, avaliamos quatro características do tumor: presença de receptores de estrogênio, receptores de progesterona, a velocidade de crescimento tumoral (Ki67) e a presença de uma proteína chamada Her2.

O conjunto destas características permitiu a divisão do tumor de mama em três grandes grupos: tumores luminais , tumores Her2 e tumores triplo negativos.

Os tumores triplo negativos correspondem à aproximadamente 15% dos tumores diagnosticados no mundo. Costuma ser mais prevalente em jovens e pacientes portadoras de mutação genética. Como característica clínica, são tumores que crescem mais rapidamente e costumam se apresentar como tumor de intervalo ( aquele que aparece após alguns meses de uma mamografia normal).

Além de apresentar um comportamento mais agressivo, o arsenal terapêutico é muito limitado. Por não apresentar receptores hormonais, não é possível utilizar uma gama imensa de medicamentos hormonais ( Tamoxifeno, Anastrozol, Letrozol, Examestano....). Também por não apresentar a proteína Her2, não podemos utilizar as chamadas terapias alvo ( Trastuzumab, Pertuzumab...). Sendo assim a única terapia remanescente para este tipo de câncer de mama é a quimioterapia.

Com o envelhecimento da população, atualmente nos deparamos com muitas pacientes acima de 70 anos com câncer de mama triplo negativo. E aí vem a nossa dúvida: nas mulheres em que não é possível a realização da quimioterapia, será que a cirurgia isolada consegue controlar a doença?

Recente trabalho publicado em agosto de 2020, na revista Breast Cancer Research and Treatment , avaliou 524 pacientes com tumores triplo negativos, sendo 92 acima de 75 anos e 432 abaixo de 75 anos.

Quando comparou-se os 2 grupos de pacientes, as mais idosas receberam mais mastectomias, menos quimioterapia e radioterapia.

As pacientes mais idosas apresentavam tumores mais avançados no momento do diagnóstico (maiores e com maior número de linfonodos metastáticos na axila).

Neste estudo, a evolução desta doença em mulheres idosas foi pior, muito provavelmente devido ao sub tratamento - a falta da quimioterapia.


No primeiro gráfico, está a avaliação do tempo livre sem o retorno do tumor. A linha rosa, mostra as pacientes acima de 75 anos. As outras linhas são as pacientes com menos de 40 anos, entre 41-50 anos, 51-65 anos e 66 e 75 anos. Vemos que as pacientes mais idosas, apresentaram retorno da doença já nos primeiros meses pós cirurgia e se manteve pior até 7 anos após a cirurgia.







Neste segundo gráfico, foi avaliada a presença de metástase a distância, nestes mesmos grupos. Também foi possível perceber que as pacientes acima de 75 anos ( curva rosa), apresentaram maior índice de metástase logo após a cirurgia e que manteve pior nos próximos 7 anos







Existe um receio, diga-se de passagem correto, por parte do mastologista, do oncologista , da família e principalmente , da paciente da realização da quimioterapia. A idade e as doenças associadas à este grupo de mulheres ( hipertensão , diabetes, doenças osteomusculares, doenças auto imunes), faz com que os efeitos colaterais da quimioterapia comprometa demais o bem estar destas mulheres.

Torna-se necessário a interação com profissionais geriatras, para determinação do melhor tratamento e também para apoio aos efeitos colaterais das pacientes que decidem realizar quimioterapia. Também é imperioso que tenhamos um capítulo à parte no cuidado das mulheres portadoras de câncer de mama, em idade avançada.


Fonte: Breast Cancer Res Treat 2020 Aug;182(3):643-654. doi: 10.1007/s10549-020-05727-x.


Colaboração : Dra. Sophia Helena Dal Rio Gomes

CRM 201.324

Médica Residente do 2o ano em Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário São Francisco - Bragança Paulista

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